Professoras da Urcamp realizam curso sobre Plantas Alimentícias Não Convencionais

Você já pensou que o jardim de sua casa pode servir como fonte de alimentação? A maioria desconhece, mas esses cultivos ornamentados do quintal podem ser uma PANC, ou Plantas Alimentícias Não Convencionais. O tema ainda é considerado novo no País, mas já desperta o interesse em profissionais de diferentes áreas, como a Nutrição, Agronomia, Ciências Biológicas e outros ramos que atuam com a produção de plantas e alimentos. Foi pensando em expandir os conhecimentos na área, que as professoras Rosete Kohn e Ana Cláudia Kalil Huber, juntamente com a acadêmica do curso de Ciências Biológicas, Ana Cláudia Couto, resolveram fazer um curso específico sobre o assunto. 

Elas foram buscar embasamento com a maior autoridade no assunto, o biólogo do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas, Valdely Kinupp. Ele é o autor do livro "Plantas Alimentícias Não Convencionais no Brasil". A obra é a mais completa pesquisa já feita no país e, além de identificar plantas comestíveis das mais diferentes variedades, aponta receitas e alimentos que podem ser feitos com essa vegetação.

O curso, promovido pelo Slow Food (movimento global que propaga alimentação saudável), foi oferecido em um sítio na zona rural de Sant´ana do Livramento e, posteriormente, irá percorrer outras quatro cidades gaúchas. "Eu já conhecia o assunto, mas tinha curiosidade em conhecer o Valdely, ter uma vivência com ele, pois é muito enriquecedor ter essa oportunidade de passar o dia com uma pessoa que é especialista na área, poder provar todos os alimentos, entender o preparo e o valor nutricional, te abre muitas possibilidades", explica Rosete, que ministra aulas no curso de Agronomia e atua na coordenação do Instituto Biotecnológico de Reprodução Vegetal (Intec).

Durante o curso, as participantes saíram a campo para coletar plantas, flores de diferentes espécies e, logo em seguida, receberam uma aula sobre cada uma delas e o que a maior parte das pessoas não sabe: que a grande maioria pode ser consumida. A professora Ana Cláudia conta que este ramo pode ser melhor explorado, tanto na parte científica, quanto na difusão desta prática entre as pessoas. "Gostei da vivência com outros colegas, da degustação das plantas in natura, pois é um outro nicho de conhecimento e de pesquisa na área orgânica, para se trabalhar" relata.

E se engana quem pensa que a PANC é voltada apenas para vegetarianos e veganos. Durante o curso, foram produzidos pratos utilizando plantas na composição com charque e até linguiça. A aluna do 7º semestre de Ciências Biológicas, Ana Cláudia Caldeira Couto, gostou tanto do assunto que decidiu escrever o seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) sobre plantas comestíveis não convencionais do bioma pampa. "O curso me despertou esse interesse. A gente descobriu que esse hábito foi esquecido através dos tempos, com os cultivos agrícolas que vieram, mas é preciso resgatar, porque é um universo muito grande de plantas que podemos nos alimentar", ressalta.

A intenção, agora, é montar um grupo de estudos multidisciplinar, para dar continuidade ao tema.