Bagé projeta abertura de novos leitos na Santa Casa e no HU

Em COVID-19 | Por Melissa Louçan

Durante a live que marcou um ano da confirmação do primeiro caso de contaminação por covid-19 em Bagé, o prefeito Divaldo Lara e o vice-prefeito, Mário Mena, abordaram a questão da ocupação dos leitos nas instituições de saúde do município.

Com a curva de contaminação ascendente nas últimas duas semanas, os leitos destinados ao tratamento das pessoas contaminadas chegaram ao limite. Mena frisou que a pandemia iniciou com cinco leitos destinados aos pacientes em UTI, além dos 30 clínicos. Mais tarde, esse número recebeu reforço com 10 leitos do Hospital Universitário da Urcamp, além de cinco leitos de retaguarda e mais três leitos de UTI.

“Se a Santa Casa e Hospital Universitário não tivessem entendido essa necessidade, com o recurso na ordem de R$ 97 mil destinados aos dois hospitais para que tivéssemos condições de que unidades aumentassem a capacidade de internação, Bagé estaria totalmente colapsada há duas semanas”, contou.

Na tarde de quinta-feira, durante a live, o cenário dos leitos em Bagé era o seguinte, informado pelo vice-prefeito: todos os 30 leitos clínicos da Santa Casa estavam ocupados, assim como os oito leitos para pacientes em tratamento intensivo. Inclusive, a equipe do hospital isolou seis leitos de UTI geral para utilizar com pacientes covid, totalizando 13 leitos de tratamento intensivo para os casos de contaminação.

No Hospital Universitário, dos dez leitos clínicos destinados aos pacientes covid, que chegaram a lotar durante a semana, inclusive com a utilização de outros três leitos extras, estava com oito deles ocupados. Mena adiantou, entretanto, que estes números podem cair no decorrer da semana. Mediante o reflexo das restrições mais severas adotadas a partir dos decretos estadual e municipal, o vice-prefeito aposta em uma tendência de queda na curva de contaminações e, consequentemente, hospitalizações.

Estratégias para os próximos dias

Para planejar os próximos passos de enfrentamento à pandemia, o Comitê de Operações de Emergência (COE) pensou duas estratégias a serem adotadas em diferentes panoramas, a partir de segunda-feira. Em um caso de confirmação da curva descendente, o município entrará em uma situação mais tranquila até domingo. Portanto, o município estaria pronto a adotar os protocolos de bandeira vermelha a partir de segunda-feira, caso o governador autorize a retomada do sistema de cogestão. Isso possibilitaria a reabertura presencial do comércio, seguindo restrições de funcionamento mais flexíveis.

Contudo, caso a tendência de queda não se confirme, e o índice de contaminação volte a crescer no município, o COE aposta em um plano B, caracterizado, basicamente, pelo aumento do número de leitos disponíveis. “Se isso acontecer, a Santa Casa irá isolar mais uma ala, com 10 leitos, e o Hospital Universitário outra ala, com 20 leitos, totalizando 30 novos leitos clínicos covid”, explicou Mena. O prefeito, inclusive, visitou ambas as instituições de Saúde para tratar sobre a ampliação das estruturas disponíveis.

Divaldo Lara frisou que os leitos serão de uso exclusivo dos bajeenses, já que as novas vagas serão possibilitadas com recursos da Prefeitura e, portanto, com regulação municipal. “Queremos ajudar as outras cidades, fizemos isso durante toda a pandemia. Mas agora temos que cuidar da nossa cidade, das pessoas daqui que precisam. Então esses 30 leitos serão de uso exclusivo dos bajeenses”, garantiu.

Articulações

Na Santa Casa, a provedoria relatou a preocupação com os atrasos nos repasses do Estado para cobrir os custos dos leitos de UTI Covid. A direção também apontou dificuldades financeiras para a compra de medicamentos necessários para pacientes que estão na Unidade de Terapia Intensiva. “Não estamos conseguindo comprar medicamentos para a semana. Estamos fazendo compras para um ou dois dias. Os laboratórios subiram muito os preços e o custo de muitos medicamentos chegou a dobrar”, revelou o provedor da Santa Casa, Carlos Eduardo Santos.

A Prefeitura se comprometeu em buscar meios de ajudar financeiramente o hospital, de forma emergencial, para que os remédios não faltem. “Vamos analisar nossas possibilidades de recursos vinculados para tentar atender imediatamente o hospital nessa compra urgente”, garantiu o secretário de saúde, Geraldo Gomes.

Já no Hospital Universitário, a comitiva visitou as novas instalações administrativas da instituição e garantiu apoio para ampliação da oferta de leitos, caso seja necessário. “Vamos atender ao apelo do prefeito Divaldo Lara. O HU, com apoio e co-participação da Prefeitura, vai disponibilizar mais 20 leitos clínicos para pacientes Covid, que serão regulados pelo sistema municipal e serão ativados imediatamente, caso haja demanda”, afirmou Lia Quintana, reitora da Urcamp, instituição que mantém o HU.

“Nosso objetivo hoje (quinta) é alinhar um plano de contingência, com o apoio dos nossos hospitais, para aumentarmos a oferta de leitos em Bagé e termos a certeza que nenhuma pessoa que precise, fique sem atendimento hospitalar. A Santa Casa sinalizou com a possibilidade de abrir mais 10 leitos clínicos e o HU com mais 20. Hoje a realidade em muitos municípios gaúchos mostra o esgotamento do sistema de saúde, refletido no envio de pacientes para a nossa cidade. Queremos garantir que aqui isto não vai acontecer”, explicou o prefeito de Bagé.

“Contar com as estruturas prontas dos hospitais da cidade, e apoiá-los financeiramente, e também com apoio de equipes técnicas, é mais viável neste momento do que montar novamente o hospital de campanha. A expectativa é que com a redução no número de coletas para exames e do número de casos positivos nos últimos 5 dias, é de que a curva comece a descer na próxima semana”, informou Mário Mena Kalil.