Egresso de Arquitetura da Urcamp participa de estudo internacional na Patagônia argentina
Formado em 2021 no curso de Arquitetura e Urbanismo da Urcamp, o egresso Gabriel Delpino, 26 anos, é um exemplo de profissionais que apostam na formação continuada. No ano de 2022, entrou no mestrado da Universidade Federal de Pelotas, onde já cursa seu doutorado. Em decorrência da produção acadêmica, foi convidado pela UFPel para integrar a equipe de pesquisadores do Prograu (Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo) para o qual assumiu a tarefa de analisar a relação que a comunidade de Comodoro Rivadavia, uma cidade na Província de Chubut, em plena Patagônia argentina, estabelece com a água.
O objetivo geral da presença do bageense na Argentina é responder os problemas levantados pelo projeto Nos Confins da América do Sul. O estudo pretende descrever as relações que as comunidades de diferentes pontos do continente mantêm com a água, rios ou mar. Buscando descrever geograficamente a experiência humana em contextos cotidianos em todas as suas especificidades. Para isso, aplica a metodologia de Caminhografia Urbana que, segundo Delpino, une técnicas de observações retiradas de caminhadas pelas localidades aos princípios de cartografia. “Nós caminhamos, conversamos com as pessoas, fazemos entrevistas para entender a importância da água no dia a dia, como no trabalho, porque muitos são pescadores. Levantamos informações até sobre suas reações em caso de inundações”, esclarece. O projeto dividiu-se em três cidades: “a primeira foi Marabá, no estado do Pará, que estuda as relações das pessoas com o rio; a segunda cidade foi Pelotas, que buscou identificar a relação das pessoas com a lagoa; e a terceira cidade é Comodoro Rivadavia, que é onde eu estou agora, que estuda a relação das pessoas com o mar”, detalha o pesquisador.
Afirmando estar realizado com a experiência, Gabriel relata a ligação da UFPel com a Universidade Nacional de Patagonia, São Juan Bosco, como uma nova oportunidade de atuação. “Já tenho palestras agendadas para o público local em outubro. Vou dar um curso de pós-graduação e extensão sobre mapeamento de inundações aqui na universidade”, comemora.
Impacto do estudo
O grande objetivo do projeto Confins é, portanto, uma visão ampla sobre a percepção das pessoas sobre o mundo que lhes cerca, a partir de um critério que permita comparar diferentes perspectivas, como a da relação que mantêm com a água. “Então, aqui em Comodoro, que é perto do mar, a gente consegue sentir essa atração das pessoas pelo mar, como se fosse algo mais forte, algo que pertence a essas pessoas. Já em rios, em lagoas, por exemplo, a gente ainda não percebe essa força”, avalia inicialmente.
Como arquiteto urbanista, Delpino destaca a possibilidade de unir as noções de mundo resultantes da caminhografia ao estilo das construções da Patagônia. “É interessante observar como resolvem a questão do frio, que é mais forte que no Brasil. Entender como é que a cidade se desenvolve, uma vez que está localizada em uma região muito mais distante dos grandes centros como Buenos Aires”, aponta. Aliado a isso, há importantes informações que resultam em uma descrição geral do comportamento das comunidades humanas frente ao seu modelo de desenvolvimento. “Acompanhar a atividade econômica da cidade que vive do petróleo, descrever esses poços de retirada, os poços abandonados ou um corredor que leva até o mar para levar o petróleo até os navios. Disso, definir a diferença entre uma cidade petrolífera, petroleira, enfim, é uma experiência e tanto”, avalia o arquiteto e urbanista ao recomendar intercâmbio internacionais como forma de ampliar conhecimento e horizontes.